16 de abril de 2011

Manifesto conjunto Mayday Porto e Lisboa 2011

PRECARIEDADE é não escolher ser precário/a. Precariedade é ter um contrato a prazo para uma função permanente. Precariedade é estar sistematicamente «à experiência», por mais experiente que se seja. Precariedade é ser obrigado/a a fazer descontos mesmo quando não se ganhou dinheiro. Precariedade é não ter direito ao subsídio de desemprego, mesmo quando se trabalhou e se descontou. Precariedade é trabalhar sem contrato e poder sempre ser despedido/a sem justa causa. Precariedade é fazer estágios não remunerados. Precariedade é não ser contabilizado/a nas já extensas listas dos desempregados.

NÃO ACEITAMOS que não haja alternativas. Não aceitamos continuar a apertar o cinto quando o de outros/as não aperta. Não aceitamos o extraordinário desperdício de competências que significa o desemprego. Não aceitamos adiar o presente nem hipotecar o futuro, o nosso e o das próximas gerações. Não aceitamos abdicar de usufruir de todos os direitos conquistados, porque para tal também contribuímos. Não aceitamos concorrer pelo salário mais baixo quando administradores/as de empresas públicas e privadas concorrem pelo vencimento mais alto. Não aceitamos viver com medo! Já não temos mais medo!

EXIGIMOS MUDANÇAS no valor de salários, bolsas e pensões, que sabemos ser possível qualquer que seja a conjuntura. Exigimos mudanças na estrutura das empresas e do Estado, em que democracia e direitos são valores que ficam à porta. Exigimos mudanças nas práticas coniventes entre patrões/oas e Estado, habituados a não cumprir o Código do Trabalho no que aos direitos de falsos/as trabalhadores/as independentes toca. Exigimos mudanças que libertem os/as trabalhadores/as da precariedade!

AQUI ESTAMOS trabalhadores/as contratados/as a prazo com despesas fixas cujos prazos de pagamento não perdoam. Aqui estamos trabalhadores/as com baixo salário, forçados/as a flexibilizar as despesas de cada mês. Aqui estamos falsos/as trabalhadores/as a recibos verdes enganados/as por empresas que não contratam e por um Estado que não reconhece o nosso direito à segurança. Aqui estamos bolseiros/as com bolsas cortadas pela ignorância de um Estado que não valoriza a investigação. Aqui estamos imigrantes duplamente explorados/as e discriminados/as. Aqui estamos discriminados/as pelo género ou pela orientação sexual, vítimas numa sociedade conservadora nos costumes e liberal na economia. Aqui estamos trabalhadores/as do sexo porque o nosso trabalho é trabalho e terá que sê-lo com direitos. Aqui estamos estagiários/as cujo trabalho não remunerado engorda o capital. Aqui estamos pessoas livres que não aceitam submeter-se!

E MANIFESTAMOS: A precariedade não Liberta! Manifestamos: No mundo ninguém é Estrangeiro/a! Manifestamos: Não há Liberdade enquanto houver Precariedade! Manifestamos: O País dos Precários/as saiu do Armário! Manifestamos: Recibos Verdes, Futuro Negro! Manifestamos: Se todos/as batermos o pé, o Mundo há-de tremer!

PRECÁRIOS/AS NOS QUEREM? REBELDES NOS TERÃO!
1º DE MAIO 2011

Sem comentários: