3 de maio de 2009

MayDay Porto 2009: Reforçamos a luta contra a precariedade!





Depois de dois meses e meio de intensa preparação, que incluiu a organização de várias acções públicas (uma queima de recibos verde, três debates, uma jornada de reflexão, uma festa no dia 25 de Abril, muitas distribuições de panfletos e assembleias gerais) estávamos finalmente no dia 1º de Maio.

Para muitos de nós, nascidos nos pós 25 de Abril, esta seria uma estreia absoluta numa manifestação do Dia do Trabalhador. 2009, por ser o ano que inicia a maior crise económica a que o mundo assiste desde 1929, será porventura, também, o primeiro de muitos Maios para a nossa geração. O Porto, a zona norte a que pertencemos, concentra a maior mancha de desempregado/as e desemprecário/as do país. Tínhamos por isso de reagir. E Maio foi o principio das respostas que se poderão seguir.

Às 12h00, na Praça dos Poveiros, ponto de concentração dos trabalhadores precário/as, montamos a banca e o som e demos início aos concertos do Paulo Praça e da Associação José Afonso, assim como à leitura dos textos que tinham sido escritos no decurso da operação Mayday. Fizemos o pic-nic, terminámos todas as questões logísticas e iniciámos a nossa manifestação.

Com pancartas, faixas e megafones, arrancámos toda a revolta das nossas entranhas e protestámos contra a tirania que é a precariedade. A faixa da frente “Precários do Mundo Inteiro Uni-vos” exprimia o sentido da nossa luta, que é a mesma de todos os trabalhadores sujeitos à desregulação do trabalho e à exploração do mercado neo-liberal. Por isso quisemos juntar-nos aos sindicatos e mostrar que “a união faz a força”. E por isso chamámos para dentro da manifestação todos aqueles e aquelas que nos passeios nos aplaudiam e encorajavam. “Sai do Passeio e vem para o nosso meio!” dizíamos. Eramos já mais de 300 pessoas.

Os nossos slogans e canções foram muitos: “Com a Precariedade Andamos para Trás”, “A Precariedade Congela-nos a Vida”, “Precários Hoje, Revolucionários Amanhã”, “Deixa passar, deixa passar, eu sou precário mas o Mundo eu vou mudar!”.

Sim, sentimos as pessoas connosco. Sentimos que fizemos bem ao alicerçar pela primeira vez no Porto uma manifestação inovadora, onde está massivamente representada a nossa geração. A geração dos 500 euros, dos recibos verdes, dos estágios não remunerados, a quem é dito que vai ter uma vida pior do que a dos seus pais, e qui ça que a dos seus avós. Não aceitamos este modelo, e por isso decidimos unir esforços e encetar lutas colectivas que possam fracturar as falsas expectativas, para que o marketing político, financeiro e comercial, que nos foi vendido desde os anos 80, seja posto em causa.

Queremos uns país realmente europeu, com movimentos sociais próprios. Não um país aninhado e servil que se deixa explorar e tiranizar em silêncio. Ao Porto isto fez bem. Foi formativo e agregador. A nós isto fez-nos bem porque aumentou o capital de esperança na vida e na luta.

Vídeo via pimenta negra.


3 comentários:

terramann disse...

foi bonita a festa, pá...

Anónimo disse...

Respeito as dificuldades de ser "precário". Apesar de ser "precário" parece ser tudo o que não é um "trabalho para a vida", certinho e com pouco chatice. Bem mas parece que esse trabalho acabou. Não só para o jovens, mas para todos. Todos somos precários..Ou sempre fomos.
Parece-me no entanto, que o blog está carregado de ideologia. E como dizia Marx as ideologias são falsas consciencias para tornar natural o que não o é. Compartilho da vossa luta, mas a solução não e com certeza de caracter administrativo - legal. Um pouco mais de criatividade poderia ajudar mais do que prescerver as "velhas" receitas. A garantia de trabalho para a vida nos antigos Paises da antiga URSS parece que não entusiasmou assim muito os seus cidadãos. Por isso sejam criativos, a luta faz-se pela diferença pela capacidade de ser imprescindivel. (já agora só por curiosidade sabiam que cerca 70% dos policias de Londres são Licenciados em Direito ?)

Hugo Macedo disse...

Olá Anónimo,

Já que estás tão informado será que me podes ajudar a perceber se 70% dos policias de Londres são licenciados em Direito, porque já tinham uma licenciatura e se candidataram ao lugar de policia, ou se só depois de serem policias é que se licenciaram em direito?