“Quanto vale um precário?” foi o cabeçalho de um dos vários panfletos distribuídos no Porto, naquela que foi a primeira acção em que se mostrou o que será a primeira parada de precários a realizar na cidade, o MAYDAY PORTO.
Ao reler o texto, não pude deixar de pensar quanto vale, de facto, uma vida precária? Quanto valem os 500 euros que trago para casa no final do mês? Quanto valem os €104.500 pagos às 209 pessoas que atendem os clientes da Vodafone naquele call-centre explorado pela RhMais? Quanto vale um precário face à crise que, dizem, obrigou o Governo a recuar nas penalidades às empresas que empregam precários e precárias?
Conto pelos dedos das mãos quem na empresa onde trabalho ainda não teve um período de “férias” à conta de uma depressão. Por esta malta nova não querer trabalhar? Mais pela pressão imposta por uma sociedade manchada pelo capitalismo; por uma classe dominante, apesar de minoritária, que vive para saciar a fome dos seus cofres, verdadeiros devoradores de mais-valia; pela negação de um rendimento que não seja fruto da exploração da labuta em prol da geração de mais-valia de outrem.
Quantos 500 euros seriam necessários para as deslocações rumo ao local de trabalho; para uma alimentação capaz de sustentar a jornada de trabalho; para uma habitação digna; para o provir das filhas e filhos; para a realização pessoal (social, afectiva e formativa)?
E com apenas um pagamento de 500 euros mensal a cada explorada e explorado, quanto lucram Américo Amorim, António José Seguro, Belmiro de Azevedo, Jaime Gama, Jerónimo Martins, Marcos Sá e Vasco Cunha? E, já agora, onde pára o socialismo de José Vieira da Silva, José Sócrates, Vitalino Canas e cúmplices, que não admitem uma real distribuição de riqueza?
E, pergunto, depois de verificar que após um ano sobre a primeira chamada atendida no call centre onde trabalho sem que alguma vez o Sindicato se tenha mostrado, onde estão os sindicatos na defesa (leia-se erradicação) do precariado?
Por tudo isto, faz cada vez mais sentido, explicar aos e às nossas camaradas sindicalistas a importância histórica dos seus papeis e a sua razão de existência. Por tudo isto, faz cada vez mais sentido participar nas paradas de precários, com toda alegria e boa disposição, porque queremos uma sociedade baseada num sistema que não seja marcado pela exploração; porque recusamos lutas cinzentas, que só nos afastam.
Só assim, na vida, como no MAYDAY, conseguiremos, as e os precários, convergir com os sindicatos, para que pertença “ao povo o que o povo produzir”.
Texto de Ricardo Salabert
Ao reler o texto, não pude deixar de pensar quanto vale, de facto, uma vida precária? Quanto valem os 500 euros que trago para casa no final do mês? Quanto valem os €104.500 pagos às 209 pessoas que atendem os clientes da Vodafone naquele call-centre explorado pela RhMais? Quanto vale um precário face à crise que, dizem, obrigou o Governo a recuar nas penalidades às empresas que empregam precários e precárias?
Conto pelos dedos das mãos quem na empresa onde trabalho ainda não teve um período de “férias” à conta de uma depressão. Por esta malta nova não querer trabalhar? Mais pela pressão imposta por uma sociedade manchada pelo capitalismo; por uma classe dominante, apesar de minoritária, que vive para saciar a fome dos seus cofres, verdadeiros devoradores de mais-valia; pela negação de um rendimento que não seja fruto da exploração da labuta em prol da geração de mais-valia de outrem.
Quantos 500 euros seriam necessários para as deslocações rumo ao local de trabalho; para uma alimentação capaz de sustentar a jornada de trabalho; para uma habitação digna; para o provir das filhas e filhos; para a realização pessoal (social, afectiva e formativa)?
E com apenas um pagamento de 500 euros mensal a cada explorada e explorado, quanto lucram Américo Amorim, António José Seguro, Belmiro de Azevedo, Jaime Gama, Jerónimo Martins, Marcos Sá e Vasco Cunha? E, já agora, onde pára o socialismo de José Vieira da Silva, José Sócrates, Vitalino Canas e cúmplices, que não admitem uma real distribuição de riqueza?
E, pergunto, depois de verificar que após um ano sobre a primeira chamada atendida no call centre onde trabalho sem que alguma vez o Sindicato se tenha mostrado, onde estão os sindicatos na defesa (leia-se erradicação) do precariado?
Por tudo isto, faz cada vez mais sentido, explicar aos e às nossas camaradas sindicalistas a importância histórica dos seus papeis e a sua razão de existência. Por tudo isto, faz cada vez mais sentido participar nas paradas de precários, com toda alegria e boa disposição, porque queremos uma sociedade baseada num sistema que não seja marcado pela exploração; porque recusamos lutas cinzentas, que só nos afastam.
Só assim, na vida, como no MAYDAY, conseguiremos, as e os precários, convergir com os sindicatos, para que pertença “ao povo o que o povo produzir”.
Texto de Ricardo Salabert
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