12 de março de 2009

Precariedade, precariado, não são palavras inéditas no nosso imaginário. Mas quando pensamos em Precários o que mais depressa nos ocorre são os clássicos antros de precariedade como os hipermercados, as empresas de limpeza ou os tão badalados call-centres...enquanto que dificilmente pensaremos em 'gigantes' do Estado e do suposto 'Bem estar Social' como o Hospital. Pois bem, pensemos melhor então...

Que espécie de vínculo laboral imagina existir entre o Sr. Segurança e o Hospital? E ele é só quem nos abre a porta...Poderemos talvez indagar também o estatuto da Sra. da Limpeza, do Sr. Administrativo, do Sr. Mensageiro, da Sra. Auxiliar de Acção Médica, do Sr. Técnico de Análises, da Sra. Enfermeira, e claro, do Sr. Doutor! Pasme-se! Em todas essas profissões (e não são só estas!) o vínculo laboral é claramente, senão potencialmente, PRECÁRIO! O Sr. Segurança talvez não nos cause grande espanto, afinal, a empresa que o 'aluga' ao Hospital é tantas vezes nossa conhecida de outros serviços...!

Já o Sr. Enfermeiro, só com algum prurido o imaginamos submetido a um contrato de 3 meses, a saltar de um serviço do Hospital para outro, quando, no fim de contas, se encontra situado numa rotina e numa actividade para as quais recebeu formação especializada. Não faz sentido, como não faz sentido também que se opte por pagar horas extraordinárias avulsas ao invés de criar verdadeiros postos de trabalho! Que pensar então do Sr. Doutor?

Podemos razoavelmente recear pela nossa rica saúde! Afinal, qual é o médico que pode prestar um serviço de qualidade se não estiver integrado numa equipa e num contexto em que a continuidade dos cuidados não esteja assegurada? A verdade é que a contratação colectiva é cada vez mais uma realidade em extinção e a pressão pelo contrato individual do trabalho a norma. E todos os dias ouvimos histórias de médicos tarefeiros, pagos a soldo nas Urgências, completamente desarticulados dos restantes elementos das equipas e do próprio hospital!

Estas não são meras questões teóricas e do 'tem que ser assim, porque não há outra forma'. A qualidade de vida dos trabalhos padece, mas, sobretudo, a qualidade do serviço prestado na Saúde adoece! Se ainda assim se acha imune, desengane-se... Pois, em boa verdade, quem é que quer ser atendido por um Sr. Doutor precário?

A PRECARIDADE FAZ MAL À SAÚDE! TRATE DA SUA... E DA DE TODOS! SEJA CRÍTICO
!

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