23 de março de 2009

O PÃO NEGRO DO PEQUENO CIRCO QUE POUCA GENTE CONHECE

Os criadores, intérpretes e técnicos das chamadas Artes do Palco e do Ecrã (do coreógrafo ao cineasta, passando pelo actor, pelo director de cena ou pelo maquinista, pelo marionetista ou pelo instrumentista, e por aí fora) constituem um grupo particularmente afectado pelo movimento geral de precarização da sociedade portuguesa.

E isso é tanto mais verdade quanto, ao contrário do que acontece noutros países, esses trabalhadores não beneficiam do estatuto de intermitência que lhes permitiria o acesso a subsídios de subsistência, em caso de cessação provisória de prestação de serviços, e a um regime de segurança social consentâneo com a irregularidade efectiva dos seus rendimentos. Sendo o tecido de entidades empregadoras desse grupo (companhias de teatro e dança, ou orquestras, por exemplo) especialmente frágil e incipiente entre nós, a situação pessoal dos trabalhadores nas áreas das artes vivas, performativas e da imagem revela-se, frequentemente, calamitosa.

Reivindicação transversal – porque válida e de urgente prioridade em muitas outras áreas de produção da riqueza onde a condição laboral não é estável -, a atribuição de subsísdios de subsistência decentes (em períodos de não contratação) bem como a criação de um sistema de cotisações para a segurança social passível de serem honradas por trabalhadores que vivem horas de grande privação quando não de miséria, É UM IMPERATIVO ABSOLUTO.

Os grandes eventos, os fogos de artifício, as feiras das vaidades, as fachadas imponentes ou coquettes escondem, as mais das vezes, situações escandalosas de exploração e desamparo.

Ao contrário do que a vox populi propala e do que o cidadão comum, na sua boa fé, imagina, os trabalhadores das artes vivas e da imagem são certamente os maiores mecenas da produção de vida cultural em Portugal.

Que as suas condições mínimas de sobrevivência e a assistência no plano da saúde sejam salvaguardadas é pois um um assunto que A TODOS DIZ RESPEITO.


No MAY DAY, os artistas sairão à rua para mostrar que onde há circo, luzes e palhaços, também há gaiolas tudo menos douradas, trevas muito duradouras e poucas razões para rir.

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